segunda-feira, 28 de maio de 2012

Tour de France: a historia da AGS (parte 2)

Continuamos (depois de uma grande pausa)o Tour de France a serie sobre a AGS, hoje falando sobre como tudo começou na Formula 1.

Didier Pironi testando a AGS.

No inicio do verão de 1986, foi anunciado que a AGS começaria sua primeira temporada na Formula 1 no GP da Itália, em Monza. Mas a coisa não era muito boa, a estrutura da equipe era meio bizarra, contando piloto e pessoal, só havia oito pessoas e tinha como base, a antiga Garage d'Avenir, em Gonafron. Comparando com a situação de uma McLaren, Williams ou Ferrari, que tinham o staff muitas vezes maior, a AGS era irrisória.

De todos que tem ai, só oito são da AGS, o resto é tudo penetra.
A AGS apareceu aquele ano com um carro projetado por Christian Vanderpleyn. O AGS JH21C era uma mistura de um chassis Renault RE40 e algumas peças da Renault (muito usadas) e peças do ultimo F3000 da AGS. O carro era tão ''alternativo'' (para não dizer outra coisa), que o piso do carro era feito de madeira (p*rra, madeira?! não tinham outro material melhor). E para piorar, o carro era equipado com um já bem usado motor Motori Moderni V6 Turbo e foi pilotado pelo novato Ivan Capelli.

Ivan Capelli se virando com o JH21C
No inicio da temporada, Didier Pironi testou o AGS em Paul Ricard. Pironi não pilotava desde 1982, quando se acidentou no GP da Alemanha e esmigalhou as pernas. Quando pilotou com a AGS, viu que não tinha mais pique para correr na Formula 1, acabou por escolher ir pilotar barcos, e morreu em 1987, fazendo isso.

Capelli penou com o velho chassi da AGS
Capelli teve que se virar, na Italia, a AGS não pontuou nas duas etapas. Em Monza, Ivan Capelli abandonou na volta 31, por uma problema no motor e em Portugal abandonou na volta 6, por um problema no já bem velho cambio Renault. A AGS decidiu não disputar as duas ultimas etapas, para concentrar esforços para o outro ano. E em 1987, nem tudo mudaria...  mas isso só sera visto no próximo capitulo.

E continua o Tour de France...

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Tour de France: a historia da AGS (Parte 1)

Estava planejando essa serie desde que estava escrevendo a da Andrea Moda, a pedidos do Gabriel Santos, sai agora a historia da AGS.

E que comece o Tour de France!


A AGS foi fundada em um dia, pelo mecânico Henri Julien, que era dono de uma mecânica, chamada ''Garage de l'avenir'', em Gonafron, uma cidadezinha cravada no meio da França. Nos anos 50, Julien participou de algumas corridas, em categorias regionais na França, porem, não pilotava muito bem, mas tinha uma habilidade incrível com mecânica, e com o conhecimento técnico que ganhou nas categorias, ele começou a construir seus próprios carros.

Henri Julien (esquerda), nos tempos de Formula 2
Em 1969, ele construiu o primeiro carro, o AGS JH1, era um monoposto pequeno, da Formule France. O carro foi desenhado por um aprendiz de Julien, o mecânico belga Christian Vanderpleyn (que ficaria na equipe até 1988). Após isso, a AGS começou a fabricar seus próprios carros de Formula 3, eram carros bem avançados, mas não eram páreos a os Martinis, que dominavam a Formula 3 naqueles tempos.

AGS JH15, um desafio na Formula 2 Europeia
Em 1978, Julien tomou coragem e deu um passo a frente, e inscreveu a pequena equipe na Formula 2 Europeia. Foi um desafio para a AGS, que criou o AGS JH15 (equipado com um motor BMW), que foi projetado, construido por Christian Vanderpleyn e pilotado por Jose Dolhein e Richard Dallest. Competiu a temporada de 1978 e 1979 com este carro, e não pontuou nas duas temporadas.

AGS JH17,  os primeiros pontos da AGS na Formula 2
Em 1980, a AGS fabricou outro carro, bem mais avançado que o já antigo JH15, o JH17, tinha a aerodinâmica bem melhor que do JH15, bem mais leve, porem o motor ainda era o BMW. Com este carro e tendo o experiente Richard Dalliest como piloto, venceram em Pau e Zandvoort, tirando um 6º no campeonato, com 23 pontos.
Em 1981, eles tinham o AGS JH18, que era um JH17 maior, com poucas modificações no chassis e na aerodinâmica, o motor era o mesmo BMW e o piloto era ainda o Daliest. Mas o carro não surtia o mesmo efeito que dava em 1980, Daliest terminou em 17º, com 4 pontos. Com isso, houve uma modificação na AGS, Ricahrd Daliest saiu da equipe e entrou Philippe Streiff e Pascal Fabre

AGS JH19, depois de três versões, o carro ficou bom.
1982, tinham pilotos, e o carro? Era o JH19, muito parecido com o JH18, porem o que modificou foi o chassis, que foi melhorado do original, o motor era o BMW. Nos comandos de Philippe Streiff, o carro era ótimo, pontuando em Thruxton, Spa, Donnington e Enna-Pergusa, porem o Fabre... quando dava certo, pilotava bem, conseguia marcar pontos, mas quando as coisas davam errado, davam muito errado, tanto que abandonou, ou não pontuou em maioria das corridas, só pontuando em Mantorp Park e Vallelunga. No fim, Streiff terminou em 6º, com 22 pontos e Fabre terminou em 15º, com 5 pontos. Com isso Fabre saiu, mas voltaria...

AGS JH19C, o ultimo a vencer na Formula 2
Em 1983, eles contrataram Fulvio Maria Ballabio como 2º piloto, e carro também estava diferente, o JH19B tinha poucas modificações aerodinâmicas do JH19, principalmente na carenagem do motor, o motor ainda era aquele velho BMW. Esse ano foi ótimo para a pequena equipe, que terminou com Philippe Streiff em 4º, com 25 pontos, tendo tirado um segundo lugar em Enna-Pergusa, já o Ballabio, terminou como sempre, em 17º, com 3 pontos, ninguém gostou disso (bem dizendo que ninguém gostava do Ballabio), chutaram Ballabio e colocaram Pascal Fabre de novo.

1984, a ultima temporada da Formula 2, e definidamente, esse foi o melhor ano da AGS, ela foi inspirada aquele ano, tendo os pilotos que tinham, a equipe estava ótima. O carro tinha alcançado o máximo, o JH19C foi somente os acertos aerodinâmicos do JH19B, que foram a asa dianteira retirada e o afinamento do bico, e a asa traseira, que foi modificada, sem mais, era o mesmo do JH19B. Naquele ano, Streiff teve que se contentar a disputar o 3º lugar com Michel Ferté, e mesmo assim, ficou em 4º, com 27 pontos, 2 pontos a menos que Ferté, mas quem assustou mesmo aquele ano foi Pascal Fabre, que pilotou muito bem o campeonato inteiro, e chegou a vencer uma corrida, em Hockenheim, e terminou o campeonato em 8º, com 13 pontos. Um adendo, a AGS foi a ultima equipe a ganhar um GP na Formula 2, em Brands Hatch, com Phillippe Streiff. A Formula 2acabou, e agora, o que restava? Ir para a Formula 3000.

AGS JH20, a unica deles na F-3000

1985, a AGS mudou radicalmente de categoria, agora era a Formula 3000, tinha o regulamento muito diferente da Formula 2, tanto que o carro, o JH20, não foi feito pela AGS, foi feito pela Duqueine, era uma carro completamente diferente do que o pessoal da AGS conhecia da Formula 2, era mais avançado, tinha uma aerodinamica boa, e o motor era um Cosworth DFV, bem diferente do BMW que usavam na Formula 2. O já experiente Philippe Streiff pilotava na equipe, mas foi um retrocesso, Streiff terminou o campeonato em 8º, com 12 pontos, porém, Henri Julien não estava contente com o regulamento e a organização do novo campeonato, e saiu da Formula 3000 no fim da temporada de 1985. Aí ele pensou em dar o primeiro passo para a Formula 1.

A Formula 1, saberão no próximo capitulo, mas podem esperar três coisas, staff pequeno, peças usadas de Formula 3000 e madeira.


sábado, 5 de maio de 2012

Andrea Moda: Parte 7

Finalmente, depois de muito tempo, terminamos a serie sobre a passagem da Andrea Moda na Formula 1, hoje falando do pós-Andrea Moda, o que aconteceu com todos os envolvidos na historia.

A Andrea Moda tinha mais patrocinadores que a Sauber em 2010 
E agora Sasseti? O sonho acabou? Que nada! Ele queria voltar em 1993. Mas como?! Ele teve um das piores (se não a pior) atuações da historia da Formula 1 e ainda por cima queria voltar?!
Sasseti ficou entusiasmado, porque Nick Wirth, tinha um carro novo e bom para ele (novo até poderia ser, mas bom?!), o Andrea Moda S931, para a temporada de 1993. Dessa vez, Sasseti foi inteligente e não caiu no conto do vigário, mas Jean-Pierre Mosnier caiu, o que aconteceu depois vocês sabem.

Davy Jones, com um Lola patrocinado pela Andrea Moda, na Indy 500 de 1993
Sim, a Andrea Moda saiu da Formula 1, mas não do Automobilismo. A empresa do Sasseti estampou seu simbolo no macacão e nas laterais do Lola-Chevrolet T92/00 #50 de Davy Jones na Indy 500 de 1993. A prova foi vencida por Emerson Fittipaldi na Penske, Jones terminou a prova em 15º, 3 voltas atras do líder, ele corria pela Euromotorsports.

Perry McCarthy em Monaco
E hoje, o que o pessoal da Andrea Moda esta fazendo?

Andrea Sassetti
A revista Autosprint, publicou em 2007 uma entrevista com Andrea Sassetti, que o estilista/dono de equipe disse que ainda tem dois chassis guardados em casa, e que pretende leva-los a Goodwood Festival of Speed. Já imaginou, as duas Andrea Moda correndo em Goodwood (e provavelmente quebrando lá mesmo), eu iria até lá ver isso pessoalmente.

Roberto Moreno
 E o Moreno, como foi? Ele pilotou na Forti-Corsi em 1995, depois fez varias temporadas na CART, onde chegou a vencer algumas corridas, após isso, ele pilotou na Indy, até 2008, hoje, ele é empresario de novos pilotos.

Perry McCarthy

E o McCarthy? Em 1991, ele tinha feito testes na Footwork, depois da passagem pela Andrea Moda, ele fez testes pela Williams e pela Benetton, após isso, pilotou nas 24h de Le Mans de 1996 até 2003, depois, ele foi o primeiro ''The Stig'' do programa Top Gear. Hoje ele dá palestras pelo mundo todo.

E ai termina a serie da Andrea Moda na Formula 1, sua pequena passagem proporcionou algumas das maiores bizarrices da historia da Formula 1. O que vem depois, verão... 

Running...

Estou me virando agora...
Agora dá para ver eu escrevendo em três blogs (dois alem desse), o primeiro é esse, o segundo falarei agora

F1 Mania, o primeiro...
Já escrevo para o F1 Mania a um tempo, mas só fui falar agora, o F1 Mania é um blog já é um site conhecido, tendo um bom tempo já ai, e tenho a honra de escrever para eles, escrevo noticias, algumas chegaram a sair aqui no Racing Team. Quem conhece, sabe, que não conhece, o link esta aqui. Então esse é o segundo, e o terceiro...

... Reta dos Boxes (nessa foto, literamente), o segundo
... o Reta dos Boxes, um projeto do Felipe Pires, na qual o mesmo, o que vos escreve e o Gabriel Santos, é um pouco obvio sobre o que vamos escrever, para quem quer saber o que escrevemos lá, este é o link.

Bom, isso não fara diferença aqui, os posts vão sair na mesma normalidade de sempre.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Andrea Moda: Parte 6

A Moda esta no fim, mas continuo a serie sobre a participação da Andrea Moda na Formula 1. Hoje, sobre seus ultimos GP´s e as ultimas bizarrices.

Moreno com o Moda limpo na Alemanha
Na Alemanha, outra bizarrice, esta impensável. Perry McCarthy ficou de novo nos boxes jogando Super Nintendo (ou Mega Drive, mas se bobear, devia ser um Atari 2600), foi desclassificado, até ai normal... mas ele foi desclassificado por não participar da pesagem oficial!
Enquanto McCarthy estava desclassificado, nos pits, Moreno sentava a bota no Andrea Moda, que por mais que o piloto tirasse tudo do carro, ele não passava Andrea Chiesa e sua Fondmetal, dessa vez ele ficou a décimos de segundo do piloto suiço. Isso prova que Roberto Moreno tirava tudo do carro.

Moreno na Hungria, agora com patrocínio da Industrie Regione Marche
 Era fato, qualquer ''tia'' que desse um prato de comida para a equipe, tinha seu nome escrito em letras garrafais na carenagem do motor. Dessa vez era a Industrie Regione Marche que estava lá.
Na Hungria, eles tinham boas noticias, havia um piloto a menos no grid, Andrea Chiesa saiu da Fondmetal e Eric de van Poele sai da Brabham para pilotar na equipe italiana, e ninguém pegou a vaga de Van Poele na equipe. Com um carro a menos no grid, um carro da Moda ira ocupar o espaço no grid de Hungaroring, e quem vai ir? Acho que já sabem a resposta.

Isso sim é momento raro, McCarthy pilotando a Moda.
Sasseti, ainda chateado com a FISA, que não deixou trocar Perry McCarthy por Enrico Bertaggia e ainda por cima fez o perder muito dinheiro, começou a descontar tudo isso em cima do McCarthy. Mas na Hungria ele sacaneou bonito com o cara, na Hungria, seguraram ele nos pits muito tempo, só liberaram a 45s de terminar os treinos, McCarthy não fez nem uma volta e teve que voltar para os boxes.

Percebam, mas Andrea Sasseti (o da esquerda) esta completamente desolado
Tirando o que pode (e o que não pode) do carro, Moreno ''voa'' em Hungaroring, e fica a 6s do pole, Ricardo Patrese. Porem, aquele dia, a FISA deu um ultimato a Sasseti, ''Ou dão as mesmas condições para McCarthy, ou o excluímos do campeonato''.

Perry McCarthy na Belgica, com grande chance de se ''espatifar'' com o carro na Eau Rouge.
Em Spa-Francochamps, a Andrea Moda colocou os dois carros nos treinos de sábado (!), e não porque McCarthy fez um bom tempo, é porque a Brabham, após o GP da Hungria, abandonou a Formula 1, obviamente, Moreno e McCarthy ficaram no fundão do grid, McCarthy ficou a 10s de Moreno, e ele tinha um carro bom. Mas carro bom, para a Andrea Moda era um carro cheio de remendos e peças usadas do carro do Moreno, isso fez McCarthy quase protagonizar uma tragedia, eu digo QUASE, o próprio McCarthy ira explicar:

''Eu cheguei desesperadamente na Eau Rouge tentando faze-la em ''flat'', e o braço da direção teve uma flexão. Eu continuo não acreditando como consegui passar por aquela curva. Quando cheguei para falar com os mecanicos, eles disseram: Sim, nós sabemos, retiremos estas peças usadas do carro que o Moreno usou lá na Hungria.''

                                                                                                    Perry McCarthy


As coisas estavam ruins na pista, estavam piorando cada vez mais fora delas, Sasseti foi preso na Belgica por emitir notas fiscais frias. A FISA suspendeu por tempo indeterminado a equipe, alegando que mancha a seriedade do esporte. É terminada a passagem da Andrea Moda na Formula 1, mas será que a serie acabou? Veremos...